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março 2023
O ensino médio em foco: A face oculta do ENEM e das desigualdades no Brasil
Author: Cássio Silva
Editora: Dialética
Ano: 2022
Pps: 268
ISBN: 798-65-252-5750-1
Resumo: Este livro é fruto de uma tese de doutorado desenvolvida na Unicamp entre 2015 e 2019. A pesquisa que deu origem à publicação teve como objetivo principal analisar o perfil socioeconômico e cultural de estudantes que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no Brasil numa série histórica que vai de 1998 a 2014, além da relação que esse público manteve com o trabalho e as tendências observadas nas trajetórias escolares durante o Ensino Médio. A pesquisa foi feita utilizando-se os dados do questionário socioeconômico do Enem – aplicado aos estudantes que realizaram o exame no período – além de outras fontes censitárias e/ou amostrais.
Parte da bibliografia mobilizada para o desenvolvimento do estudo indica que, historicamente, é possível conceber ao menos três propriedades analíticas capazes de descrever o modo como as desigualdades educacionais podem se manifestar no interior dos sistemas de ensino. Tais propriedades são dadas pelas noções de inclusão, que se relaciona com a oferta pública suficiente de escolas para atender à demanda social em determinado contexto e em suas diferentes etapas escolares; pela progressividade, que envolve o atendimento escolar extensível à população mais pobre e em condições de vulnerabilidade social; e por último, pela segmentação, que é um tipo de organização da oferta escolar marcada pela subdivisão institucional e/ou formativa, capaz de influenciar, direta ou indiretamente, as trajetórias escolares de maior ou menor prestígio e valorização social e, concomitantemente, a alocação de estudantes de diferentes grupos socioeconômicos nesta subdivisão.
Os resultados do trabalho procuram evidenciar que os movimentos de inclusão e progressividade no Ensino Médio brasileiro – documentados por inúmeras pesquisas – não se traduziram na democratização das oportunidades escolares, já que existem padrões de segmentação nesta etapa que atuavam como mecanismos de produção das desigualdades escolares. A tendência histórica da segmentação nessa etapa tende a se tornar ainda mais proeminente com a implementação da Lei 13.415 de 2017, que instituiu uma nova reforma para o Ensino Médio, alterando consideravelmente sua estrutura curricular, seu formato, sua carga horária, entre outros aspectos.
Segundo a professora e pesquisadora da Unicamp, Dra. Nora Krawczyk, autora do prefácio, orientadora da pesquisa no doutorado e especialista em políticas educacionais, “a publicação é oportuna para adensar o debate extremadamente relevante sobre o Ensino Médio, as trajetórias da juventude e as desigualdades educacionais. Debate esse que se acirrou a partir da reforma que está sendo implantada nos diferentes estados brasileiros e do aprofundamento das desigualdades sociais durante a pandemia no País.”.
Escrever uma vida: O diário como fonte de pesquisa-formação
Autora: Maria Amália de Almeida Cunha
Editora: Caravana
Ano: 2022
Pp: 156
ISBN: 978-65-5061-256-6
Resumo: A escrita do memorial constitui uma operação situada na interface do biográfico, do social e do institucional. A vida da pesquisa é, antes de tudo, alimentada pelo envolvimento do pesquisador, que é trabalhado e atravessado no cotidiano por seus objetos de pesquisa. Na área das ciências sociais, e essa dimensão revela-se decisiva nos trabalhos de Maria Amália Cunha, a dinâmica de pesquisa impregna a vida do pesquisador, ritmando, assim, quase cada dia da existência. Esses processos silenciosos vividos em primeira pessoa têm um destino: produzir-se no interior dos mundos acadêmicos e da esfera do social, graças à escrita, que tem entre suas funções contribuir para a edificação dos conhecimentos no mundo da vida. Para processar-se, essa socialização dos trabalhos do pesquisador supõe uma organização, um ritual que participe do reconhecimento, da difusão e da passagem. Então, a instituição desempenha, plenamente, seu papel ao criar as condições daquilo que pertence ao iniciático, ao rito de passagem: organizar a prova para que os trabalhos do pesquisador sejam reunidos, colocados sob um regime de sentido e situados em uma história; criar o acontecimento que permita a recepção e o diálogo em torno da obra constituída; tornar possível a inscrição da obra e a afiliação do pesquisador no seio da comunidade científica. O memorial apresentado por Maria Amália Cunha integra esses diferentes processos, pensa-os a partir das condições de realização dessas operações antropoformativas, abre perspectivas de pesquisa para pensar suas dinâmicas. O futuro é assim aberto para cooperações interdisciplinares e internacionais.
Introdução à política educacional em tempos de barbárie
Autores: Henrique Tahan Novaes, Julio Hideyshi Okumura
Editora: Associação Brasileira de Editoras Universitárias
Ano: 2021
Pp: 240
ISBN: 978-65-5954-189-8
Resumo: A ditadura do capital financeiro tem produzido consequências nefastas para a educação da classe trabalhadora. Essa nova forma de ditadura – chamada pelos intelectuais da direita de globalização ou sociedade do conhecimento – permite aos grandes grupos educacionais faturar milhões de dólares diariamente no setor educacional, além obviamente de reproduzir os valores do modo de produção capitalista. No caso brasileiro, a ditadura empresarial-militar se metamorfoseou em ditadura do capital financeiro. Ainda que as lutas sociais e educacionais dos anos 1980 tenham sido intensas, as rédeas da transição não saíram das mãos da burguesia e dos militares, bloqueando a “redemocratização” do país. A eleição de Collor, os governos neoliberais de FHC e até mesmo o lulismo, elevaram a mercantilização da educação a novos patamares e impediram a realização de algumas conquistas da Constituição de 1988. A “proclamação da República” em 1889 não veio acompanhada de reforma agrária, ex-escravos foram marginalizados, sem oportunidades de emprego, educação e sem um lugar digno para morar. Enfim, a educação continuou sendo elitista e para poucos. Por sua vez, a revolução de 1930 industrializou parcialmente o país, produziu uma tímida reforma educacional, mas novamente as propostas de massificação da educação pública de qualidade foram abortadas. Educadores como Anísio Teixeira que defendiam a massificação da escola pública foram marginalizados e até mesmo chamados de “comunistas”. Em países de capitalismo dependente como o Brasil, problemas crônicos da política educacional como o subfinanciamento da educação pública, a precarização do trabalho docente, o analfabetismo funcional, o ensino superior elitizado não serão resolvidos dentro dos marcos do capitalismo. Podem ser até superficialmente amenizados em governos populares, mas possuem determinações profundas que impedem sua solução dentro da órbita do capital. Procuramos abordar neste livro – dialogando especialmente com os iniciantes – os problemas clássicos do Brasil – agora potencializados e escancarados pela pandemia e pelo ultraneoliberalismo - que impedem a universalização da educação pública, gratuita e de qualidade, ou em outro sentido, procuramos identificar os fatores que permitiram ao Brasil um grande destaque nos rankings de mercantilização da educação e de barbárie educacional. As temáticas educacionais possuem determinações profundas – em geral negligenciadas nos debates educacionais: matriz colonial-escravocrata, exportação de commodities, grande propriedade da terra, industrialização hiper-tardia e frágil, subemprego e contrarrevolução permanente.
Como nos tornamos pesquisadores narrativos
Autores: Adair Mendes Nacarato, Jónata Ferreira de Moura (Orgs.)
Editora: Pimenta Cultural
Ano: 2022
Pp: 392
ISBN: 978-65-5939-411-1
Resumo: Esta obra é resultado de estudos e discussões ocorridas no grupo de pesquisa Histórias de Formação de Professores que Ensinam Matemática (Hifopem) nos doze anos de sua existência. O foco é a nossa constituição como pesquisadores narrativos a partir da participação no grupo. A coletânea consta de 16 capítulos e um capítulo final no qual elaboramos uma síntese reflexiva a partir dos textos produzidos, apontando indícios das potencialidades da colaboração e dos caminhos metodológicos por nós adotados para os modos de produzir pesquisas (com) narrativas.
Formação de professores & práticas pedagógicas: O saber e o agir em sinergia
Autoras: Edinólia Lima Portela, Maria Alice Melo, Maria Núbia Barbosa Bonfim, Mariza Borges Wall Barbosa de Carvalho (Orgs.)
Editora: CRV
Ano: 2021
Pp: 254
ISBN: 978-65-251-2938-9
Resumo: Esta obra é resultado de estudos e discussões ocorridas no grupo de pesquisa Histórias de Formação de Professores que Ensinam Matemática (Hifopem) nos doze anos de sua existência. O foco é a nossa constituição como pesquisadores narrativos a partir da participação no grupo. A coletânea consta de 16 capítulos e um capítulo final no qual elaboramos uma síntese reflexiva a partir dos textos produzidos, apontando indícios das potencialidades da colaboração e dos caminhos metodológicos por nós adotados para os modos de produzir pesquisas (com) narrativas.
febrero 2023
Brincar para construir mundos
Autoras: Donatella Savio, Catariana Moro (Orgs.)
Editora: FrancoAngeli
Ano: 2022
Pp: 252
ISBN: 798-65-87448-90-9
Resumo: O volume aborda algumas questões centrais no que diz respeito à brincadeira infantil de uma perspectiva educacional: qual é a natureza da brincadeira e sua fronteira com o que não é brincadeira? Até que ponto é uma conduta humana universal e/ou determinada culturalmente e que significado tem para a vida das crianças? Quais são as dimensões e tensões evolutivas que o atravessam e como se pode e se deve concretizar a relação entre o brincar e a educação? Como caracterizar as experiências e os contextos educativos da infância para se relacionar positivamente com ela? Essas questões são abordadas nos diversos ensaios, entrelaçando os níveis teórico e prático e desenvolvendo um diálogo intercultural entre Itália e Brasil. A primeira parte do volume apresenta contribuições de estudiosos italianos e brasileiros que abordam e discutem algumas das perspectivas teóricas mais significativas sobre o significado da atividade lúdica infantil; a segunda parte apresenta experiências educacionais italianas e brasileiras que, de formas diferentes, mas igualmente significativas, focam a valorização do brincar em estreita sintonia com as reflexões teóricas apresentadas na primeira parte e que mobilizam entre muitos autoras/es, principalmente, Bateson; Bruner; Ferreira; Steiner; Vigotski.